sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Entrevista do Prof. Carlos da Silva Santos ao «Notícias Médicas»

O Movimento da Candidatura Alternativa vai exigir o estatuto de oposição dentro da Ordem
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NM - Que balanço faz da votação que conseguiu nos vários distritos médicos?

Prof. CSS - A candidatura Alternativa atingiu votações significativas para Bastonário, na generalidade do país. As listas C na Secção Regional sul, Grande Lisboa, Lisboa Cidade e Beja acompanham de perto os resultados obtidos para o Bastonário, cerca de 11%,13% e 17% nas secções regionais Norte, Centro e Sul respectivamente, o que mostra ter sido a única candidatura verdadeiramente nacional. Cerca de 1600 colegas manifestaram de forma concreta que estavam com o nosso projecto. Hoje podemos perceber que muitos mais comungam dos nossos objectivos mas que não acreditaram na possibilidade de reverter o curso descendente da OM.

Perdeu para os seus dois adversários. Quanto a si, o que é que faltou na sua candidatura?

Num processo de contínua degradação da importância da OM como instituição útil aos médicos era necessário travar o descalabro previsível mas tal não foi possível no momento presente. Quem perdeu, em primeiro lugar, foi a OM e a classe médica. A nossa candidatura bateu-se com disponibilidade e coragem. A forte bipolarização das eleições em torno dos dois candidatos do sistema limitou a actividade de esclarecimento da nossa candidatura que partiu de fora e com um tempo curto de apresentação, acrescido de algumas violações antidemocráticas da direcção de serviço da OM. No entanto as eleições, com a nossa acção, foram bem diferentes e os resultados mostraram o caminho futuro que teremos de percorrer. De realçar que sentimos que o objectivo de mobilizar os jovens para a acção na OM não foi ainda conseguido e era com eles que contávamos para disputar a vitória.

Que leitura faz dos resultados obtidos pelo Dr. Miguel Leão e pelo Dr. Pedro Nunes?

Como opositores donos do sistema que usaram em seu proveito tiveram os resultados que essas condições lhe proporcionaram. Na verdade os votos têm uma distribuição por áreas de influência maioritária dos candidatos o que com alguma propriedade pode ser chamada de regionalista. O mais importante foi, no entanto, a necessidade de uma segunda volta, resultado este da inteira responsabilidade da minha candidatura. A ordenação dos candidatos na primeira volta provocou uma insólita reacção de um deles ao atirar a toalha ao tapete.

Quem vai apoiar na segunda volta e porquê?

A candidatura Alternativa não vai apoiar nenhum dos candidatos de acordo com a apreciação de que nenhum deles tem condições e capacidades para dirigir a OM no momento presente. As apreciações são factuais e foram avançadas na campanha eleitoral.
Recomendamos que os nossos apoiantes votem de acordo com a valorização pessoal das críticas que fizemos e fazemos aos dois candidatos. Ainda a campanha da segunda volta vai no início e já se pode ter uma noção do baixo nível do confronto entre os candidatos. Vale tudo. Os órgãos eleitos da OM como o Conselho Nacional Executivo e mesmo os Conselhos das Secções Regionais, sem qualquer sentido ético ou de imparcialidade, tomam partido na corrida eleitoral. É uma vergonha. É caso para perguntar se é esta OM que queremos. Só a rotura com a direcção instalada permite resgatar a OM a favor dos médicos.
O bastonário que sair deste pleito será um dirigente transitório no associativismo médico. Cada vez mais se irá impor a Alternativa.


Que planos tem o movimento «Alternativa para a Ordem»? Vai desmobilizar ou continuar a intervir? Se sim, de que modo?

O movimento Alternativo vai continuar, já tem plano de acção e possui recursos para o desenvolver.
Na intervenção eleitoral e posterior apresentamos as seguintes grandes linhas de acção.
-Exigir o Estatuto de Oposição dentro da OM. Isto é requerer condições materiais mínimas para desenvolver actividade nas instalações da OM que permitam ao movimento o contacto com os colegas sempre e quando necessário, a participação nos órgãos informativos da OM, o acesso à informação sobre as decisões e agendas dos diversos órgãos entre outras prerrogativas de participação das minorias.
- Exigir a representação na comissão alargada encarregue da revisão dos Estatutos da OM com o fim de promover a sua democratização, representatividade e operacionalidade e a sua ampla discussão entre os médicos.
-Exigir a representação na comissão alargada encarregue da revisão serena e participada do Código Deontológico.
-Exigir a representação na comissão alargada encarregue da actualização em progresso do Serviço Nacional de Saúde.
- Exigir a representação na comissão alargada de revisão e prepositura das novas carreiras médicas que deve contar, maioritariamente, com jovens médicos.

Estes objectivos de acção foram comunicados pessoalmente a ambos os candidatos à segunda volta.


Lisboa, 28 de Dezembro de 2007

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