terça-feira, 10 de julho de 2007

Notícia do Jornal Tempo Medicina de 09/070/2007


Carlos Silva Santos na apresentação do seu programa no Porto

APMCG tem sido «miniordem» por «omissão» da OM

Distanciamento em relação aos sindicatos, críticas à liderança da Ordem dos Médicos e uma clara aposta numa gestão participativa deste organismo são alguns pontos constantes do programa de candidatura de Carlos Silva Santos a bastonário, apresentado no Porto. A atenção que a Ordem os Médicos tem dado à reforma dos cuidados de saúde primários foi fortemente contestada por Carlos Silva Santos, no Porto, na apresentação do seu programa de candidatura a bastonário. O candidato considerou mesmo que a Ordem permitiu que os clínicos gerais constituíssem uma «miniordem» para defender os seus direitos. «A Ordem é tão omissa, vejam bem, que até é a própria Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral (APMCG) que tem funcionado assumindo algum papel técnico de Ordem», frisou.Falando para cerca de três dezenas de médicos, a 29 de Junho, na Casa da Beira Alta, Carlos Silva Santos disse que o «movimento contra-corrente» dos clínicos gerais «é bom e deve ser aproveitado para forçar a nota», mas vincou que esse movimento «devia merecer um empurrão grande do senhor bastonário», acrescentando que «era outro nível de combate».«Participação activa»Numa sessão que constituiu a sua primeira apresentação pública aos médicos como candidato a bastonário (antes, recorde-se, tinha apenas divulgado um manifesto, com outros médicos, em Coimbra, assumindo pela primeira vez a candidatura em entrevista ao «TM», publicada a 14 de Maio), Carlos Silva Santos defendeu que a ideia de participação da Ordem, «mas de participação activa», é dos «pontos mais altos» do seu programa. «Participação não de um bastonário auto-suficiente e que sabe tudo, como temos a versão, ou a versão de caudilho do Norte, mas uma versão participativa e discutida, porque os médicos não precisam de tutela», reforçou.Carlos Silva Santos teceu também críticas à «omissão» da Ordem na discussão sobre a avaliação dos médicos: «Como a Ordem não faz opinião, provavelmente alguma chefia administrativa vai dizer como é a avaliação e aparecer com a obra acabada, já que nós não fazemos propostas».O candidato defendeu ainda que «a Ordem hoje tem de ser um órgão promotor em contacto íntimo com as universidades», considerando que uma estrutura deste nível deve ser um organismo «inquiridor», deve «fazer perguntas às universidades», ser «inquietador das consciências». «Serei o que os médico forem e acharem»«O meu programa não é feito por mim para os médicos, é feito pelos médicos comigo». A afirmação é de Carlos Silva Santos, que reservou a sessão, em parte, para «colher ideias, o sentir dos médicos» e «dar linhas para o programa», muitas das quais estão no manifesto. «Eu serei o que os médicos forem e acharem», sublinhou.Mas é sobretudo a metodologia de trabalho que, segundo este médico, distingue a sua das outras candidaturas: «Tenho uma metodologia participativa — tudo o que eu fizer é com os próprios médicos». No programa, Carlos Silva Santos defende que a sua candidatura deve ser diferente das regionais. «Aqui já influenciei, em todo ou em parte, as outras candidaturas», comentou. A ligação da Ordem a instituições de ensino superior é outra linha mestra do programa: «Defendo que a Ordem tem de ter uma intervenção qualitativa superior em termos técnico-científicos, ou seja, deve ligar-se mais às universidades, ao desempenho da Medicina». Além disso, frisou, «deve afastar-se mais das componentes sindicais e ter mais deontologia». Daí que Carlos Santos Silva defenda o lema «aos sindicatos o que é dos sindicatos», demarcando-se das outras candidaturas: «Não queremos ir atrás dos pequenos problemas, queremos antecipar, definindo políticas de ordem global». O candidato propõe-se defender a renovação e o relançamento das carreiras, «como técnicas», e não como questões meramente sindicais. «O que tem a carreira, essencialmente, são os graus qualitativos da Medicina — os exames, a formação pré e pós-graduada. Isso sim, quero discutir, porque as carreiras ainda são componente de formação. O restante é com os sindicatos», sublinhou.Num outro plano, Carlos Silva Santos defende que a composição dos órgãos da Ordem dos Médicos seja mais representativa das várias sensibilidades: «A nossa Ordem tem uma eleição tipo sindical, quando deveria ter uma composição pluralista».Referindo-se a uma questão bem actual, a objecção de consciência dos médicos em relação ao aborto, o candidato a bastonário salientou que o «estatuto de objecção de consciência existe e deve ser totalmente respeitado». Mas tanto «deve haver respeito pelos que não são» como «pelos que são objectores».Manuel Morato
…CAIXA…Saúde Pública marca presença
A carreira de Saúde Pública foi a mais representada na apresentação do programa de candidatura de Carlos Silva Santos. Na sessão, que decorreu durante um jantar, estiveram presentes Merlinde Madureira, vice-presidente da FNAM, Jaime Batista, delegado de saúde do concelho de Matosinhos, e Olímpia Aleixo, médica de Saúde Pública e ex-dirigente da Sub-Região de Saúde do Porto (SRSP). Da mesma área marcaram ainda presença Teixeira Pinto, responsável do Serviço de Higiene de Segurança do Trabalho da SRSP, e Sérgio Vinagre, além de alguns médicos hospitalares, entre os quais Luís Maciel e o cirurgião torácico António Graça.Da carreira de Medicina Geral e Familiar participaram Bernardo Vilas Boas e Rui Médon, respectivamente, coordenadores da Comissão de Medicina Geral e Familiar da FNAM e da USF de Ramalde (Porto), assim como Conceição Macedo e Elisabete Fontes, entre outros
.…CAIXA…«A Ordem não sabe quem somos»
A forma como Carlos Silva Santos entende que se fazem os registos na Ordem dos Médico levou-o a afirmar que «a Ordem não sabe quem somos». «As estatísticas ainda são feitas pelos registos formais», disse, explicando: «É o único sector profissional que conta os videntes, ou seja, os que não definiram e não notificaram que tinham morrido contam — é essa a contagem dos médicos que ainda temos na Ordem».Em análise esteve também o envelhecimento dos quadros dos clínicos gerais, o que o levou a questionar: «Que planos, que estudos se conhecem?». E acusou a Ordem de «nada fazer», nem sequer «comprar estudos».Para o candidato, a melhor ajuda que, neste caso, a Ordem pode dar é «apresentar uma propositura com suporte político global — é isso que vou fazer quando tomar posse em Janeiro de 2008», prometeu
.…CAIXA…Defesa «sem regateios individuais»
«Queremos políticas de ordem global genérico-participativas — não iremos responder partícula a partícula». É assim que o candidato vê a relação da Ordem dos Médicos com o poder político. «Há linhas políticas de ordem global, genéricas, que defenderemos intransigentemente, mas não sem regateios individuais».Carlos Silva Santos prefere «acções de grupo e de pensamento em que não seja só o bastonário a falar». «Não irei nunca em radicalismos nem em actos de regateio», reforça, considerando que o bastonário tem de ser «uma figura com dignidade» e que emita opiniões «fundamentadas e defendidas», e não só através da Comunicação Social.
TM 1.º CADERNO de 2007.07.090712521C14107MM29C

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Declaração do Porto Candidatura Alternativa

Declaração do Porto
28-06-07

Candidatura Alternativa a presidente da Ordem dos Médicos


A insatisfação generalizada e multifacetada quanto ao papel e à actividade da Ordem dos Médicos e dos seus actuais dirigentes foi a razão determinante para a criação do um movimento alternativo de médicos que elaborou e divulgou «O Manifesto aos Médicos», subscrito por 135 colegas a nível nacional.
Neste documento foi feita uma explicitação clara objectiva de princípios valores e propostas estratégicas para uma política de rotura com a situação de estagnação e descrédito da medicina e dos médicos em geral.
A divulgação deste documento a nível nacional e na imprensa médica mereceu grande atenção e discussão por parte dos médicos e o resultado foi uma excelente e generalizada aceitação, com sugestões de aprofundamento e mesmo de clarificação ou correcção, e, principalmente, com propostas de cobertura mais ampla de múltiplos problemas e situações críticas da medicina nacional que têm ficado sem respostas pertinentes e adequadas por parte da Ordem dos Médicos.
Esta primeira etapa da apresentação e divulgação das perspectivas do Movimento Alternativa para a OM está em fase de conclusão.
Podemos afirmar que face à significativa concordância pró activa dos médicos para com as linhas estratégicas apresentadas ficou demonstrado, de forma evidente, que as razões de indignação e de descontentamento com a situação na OM são profundas e necessitam de uma resposta forte e adequada.
Com base nesta evidência constituiu-se uma comissão dinamizadora da Candidatura Alternativa encarregue de desenvolver os esforços necessários para apresentar candidatos aos diversos órgãos da OM. Após auscultação nacional foi indigitada a minha candidatura à presidência da OM cujo primeiro acto formal é hoje aqui realizado no Porto.
Foram já tomadas medidas organizativas e encetados os contactos necessários para concretizar a candidatura e garantir as condições para o seu êxito nomeadamente:
1. Desenvolver um amplo movimento de apoio através de listas de subscritores abertas em todos os estabelecimentos de saúde a nível nacional (públicos e privados, hospitais e centros de saúde).
2. Constituir uma rede nacional de mandatários e de comissões de apoio as mais amplas possíveis que promovam a candidatura e recolham contributos dos colegas para o programa participativo a assumir pelo candidato, que complementem e aprofundem os princípios estratégicos definidos no Manifesto aos Médicos.
A candidatura está no terreno e está para ganhar.
Desde já assumo o compromisso de que, no exercício efectivo do cargo de Bastonário, irei promover a democratização interna da OM e assegurarei a defesa técnica e cientificamente fundamentada dos legítimos interesses dos médicos, a qualidade da medicina no sector público e privado, os princípios e valores éticos e deontológicos, a formação e a qualificação profissional, a independência e autonomia técnica do exercício profissional em coerência com a elevada dimensão humana e social da profissão, defendendo os superiores interesses dos doentes e da população em geral no respeito pelo direito constitucional à saúde.

Assim a minha candidatura promoverá a exemplo do que hoje aqui fizemos uma ampla audição das opiniões, informações e propostas dos médicos sobre os temas fortes em discussão.
A organização interna da Ordem está obsoleta e é sentido por todos que não corresponde às actuais necessidades de representação das diversas sensibilidades e correntes de opinião existentes entre os médicos. Actualmente, a nível nacional, só o Presidente OM é eleito directamente pelos médicos. As restantes estruturas executivas aos diversos níveis são eleitas por lista sem representação proporcional o que retira representatividade e facilita a monopolização da OM por grupos instalados.
É precisa outra estrutura da OM, outros estatutos que durante o próximo mandato serão postos à discussão, aprovação dos médicos.
A formação pós graduada dos jovens internos e a sua continuidade de exercício profissional tem de ser uma área de intervenção prioritária da OM e das direcções dos colégios de especialidade com a participação dos internos. Garantir as condições estruturais, de idoneidade e de acompanhamento da formação ao nível de todos os estabelecimentos (públicos e privados) onde desenvolvam actividade internos é uma responsabilidade da OM que não pode nem deve ser delegada em outras estruturas externas ou deixada ao arbítrio dos titulares ou responsáveis dos estabelecimentos de saúde. Da qualidade e da continuidade da formação e do desempenho dos jovens médicos depende o futuro da medicina estruturada e hierarquizada tecnicamente. È necessário criar condições organizativas, de suporte e materiais para que os médicos intervenientes neste processo formativo desempenhem plenamente o seu papel. Caberá aos serviços assegurar as condições de formação e cumprir as orientações da OM.
A formação continua e a avaliação do desempenho ao longo da vida profissional é matéria de grande relevância para a OM. A intervenção participada e fundamentada dos próprios médicos tem de ser promovida e assegurada pela OM e pelas suas estruturas sob pena de que outros por nós decidam no que mais interessa na garantia da qualidade da actividade médica.
O desenvolvimento dos cuidados primários de saúde e em particular as propostas exemplares de iniciativa médica para a criação das Unidades de Saúde Familiar devem merecer um acolhimento na OM. Promover a discussão, a divulgação e avaliação de propostas inovadoras e advogar por elas junto do poder político é uma responsabilidade da OM que irá merecer grande atenção no futuro.
A preocupação com o futuro das carreiras médicas até aqui principal garante profissional e técnico da boa medicina praticada em Portugal é real visto que a hegemonização gestionária e financeira pretende transformar os médicos em produtores de cuidados médicos parcializados sem autonomia ou independência, desligados da visão holística do doente e da comunidade onde se integra. A estruturação em carreiras aparece assim como principal obstáculo à desarticulação do trabalho médico e o seu desenvolvimento em progresso é o caminho para a defesa da profissão com qualidade e satisfação profissional. Tal só é possível coma participação de todos os médicos cabendo à nova OM, com a liderança que vos proponho, criar as condições para este novo impulso na renovação das carreiras médicas.

Estes foram algumas das reflexões que partilhamos com cerca de três dezenas de colegas no encontro de apresentação da minha candidatura na cidade do Porto.
Podemos mudar a OM e as nossas perspectivas de futuro assim os médicos o queiram.

Porto 28 de Junho de 2007

Carlos José Pereira da Silva Santos

Candidato indigitado para Presidente da Ordem dos Médicos
csilvasantos@netcabo.pt

Apresentação do candidato no Porto

No passado dia 28 de Junho o candidato Carlos Silva Santos esteve no Porto para se apresentar formalmente e iniciar os contactos com os colegas da Secção Regional Norte e promover a organização dos seus apoios.
Os contacto foram muito proveitosos e permitiram iniciar uma dinâmica de candidatura muito boa apesar de o candidato ser menos conhecido na região.
Teve lugar na Casa da Beira Alta um jantar de informação e discussão que correspondendo à metodologia de trabalho participativo definida peloa candidatura foi um êxito. Os cerca de trinta colegas presentes conjuntamente com candidatio procederam a uma ampla troca de informações e opiniões que mostraram claramente as razões da candidatura alternativa à actual situação da Ordem.Os contributos apresentados vão ser integrados no programa em permanente actualização.
O candidato elaborou uma nota aos médicos da Secção Norte que pretende reflectir este primeiro acto de campanha com alguns dos temas mais discutidos e valorizados - Declaração do Porto da Candidatura Alternativa